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Obra em memória ao Massacre de Carajás será reinaugurada na UEM
Por Administrador
Publicado em 17/04/2025 09:51
Notícias de Maringá

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) inaugura nesta quinta-feira (17/04) uma instalação permanente do renomado artista plástico paranaense Jorge Pedro, um dos mais importantes do estado. A obra, intitulada "Flores para os Sem-Terra", é uma nova versão da criação original, idealizada pouco depois do Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em abril de 1996 no Pará, quando 21 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar.
A solenidade, que acontece às 9h no campus da UEM, terá apresentações artísticas da cantora Mari Tenório e da Orquestra Popular Camponesa, formada por crianças e adultos de assentamentos do MST no Paraná. A presença de Maria Zelzuita Araújo, sobrevivente do massacre, e do dirigente nacional do MST João Pedro Stédile, reforça o caráter histórico do evento.

A obra original, criada em 2003, foi completamente restaurada com materiais mais duráveis para garantir sua preservação como patrimônio memorial. A proposta de restauro partiu da UEM, com o objetivo de preservar a obra por meio do artista original. “Começamos em outubro do ano passado e, desde então, passamos por várias etapas até chegar à instalação final”, disse Jorge Pedro ao contemplar a maior obra de sua carreira em espaço aberto.

A instalação é composta por 18 totens distribuídos pelo espaço, cada um com uma máscara mortuária em resina e o nome de uma das vítimas. No centro da obra, um arranjo simbólico remete às ferramentas utilizadas pelos Sem Terra em sua luta por reforma agrária.

Na versão anterior, as máscaras eram feitas de argila, material que se deteriora rapidamente. Para garantir durabilidade, o artista optou por resina na nova execução. O projeto contou com a colaboração do arquiteto Tarcísio Ramos e do soldador José dos Santos Neto, parceiros frequentes de Jorge Pedro. 

O artista

Natural de Peabiru, o artista é conhecido por ressignificar materiais e objetos abandonados por meio da técnica de assemblage, aplicada em telas, esculturas, instalações, móveis e objetos.

A importância da obra de Jorge Pedro é ressaltada pelo Pró-Reitor de Extensão e Cultura,  Rafael da Silva. “Juntamos todos os esforços para restaurá-la. Ela resgata a memória de um evento muito triste que aconteceu no nosso país, em razão de um grande problema que ainda temos, que é a questão fundiária. É muito importante que nós deixemos sempre viva essa infeliz página da nossa história, para que a gente possa lutar sempre contra essas mazelas e desigualdades”. 

(Marcelo Bulgarelli/Comunicação UEM)

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