O Departamento de Agronomia (DAG) do Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizou, na tarde de anteontem (14), uma aula demonstrativa sobre o uso de drones na agricultura. A atividade ocorreu no Centro de Treinamento de Irrigação (CTI) e contou com a presença do delegado da Receita Federal de Maringá, Marcos Wanderley de Souza, e professores e alunos do curso.
O evento teve como objetivo mostrar os resultados obtidos a partir da doação de drones e tablets feita pela Receita Federal à UEM, no final de 2023. A iniciativa viabilizou a criação da disciplina “Introdução ao Uso de Drones na Agricultura”, voltada à formação prática dos alunos de Agronomia.
Segundo o professor da DAG, Silas Maciel de Oliveira, responsável pela disciplina, a aula foi uma oportunidade de demonstrar à comunidade acadêmica, à sociedade e aos parceiros institucionais, especialmente à Receita Federal, como os equipamentos vêm sendo utilizados na formação dos estudantes. “O objetivo foi mostrar o que os alunos aprenderam ao longo do semestre, as operações com os drones e a importância desses equipamentos na formação deles”, explicou.
Silas destacou que a parte prática da disciplina só foi possível graças à doação dos equipamentos, estimados em cerca de R$ 80 mil. “Esse tipo de aquisição é mais difícil por vias convencionais, devido à burocracia e aos custos. Com a parceria com a Receita, conseguimos viabilizar esse conteúdo inovador”, afirmou. Foram doados à UEM cinco drones e três tablets para uso nas aulas da disciplina. Outros equipamentos foram distribuídos entre diferentes câmpus e setores da universidade.
A aluna Letícia Fornel, de 20 anos, natural de Arapuã (PR), é uma das estudantes matriculadas na disciplina. Ela conta que já tinha tido contato com drones durante o estágio, mas a disciplina optativa foi uma oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre a tecnologia. “Me interessei porque queria entender melhor como funciona a captação das imagens aéreas e como transformamos isso em dados para gerar mapas de precisão. É algo inovador e que ajuda muito o produtor rural”, afirma.
Fornel, que deve se formar em 2027, já pensa em aplicar o que está aprendendo nas terras da família. “Meu pai é agricultor e se interessou bastante pelo uso do drone. Conversamos e ele já cogita adquirir um equipamento para usarmos na lavoura de soja e trigo. Pretendo unir essa tecnologia com o campo para melhorar a adubação, a plantabilidade e o controle de plantas daninhas”, relata. A estudante também planeja fazer um intercâmbio antes de decidir se segue para o mestrado ou retorna para trabalhar na propriedade rural.
Durante a formação, os estudantes aprendem a operar os drones, realizar mapeamentos de áreas agrícolas, identificar pragas e doenças, monitorar lavouras e otimizar o uso de insumos. Com isso, eles compreendem como a agricultura de precisão contribui para uma produção mais eficiente, sustentável e com menos desperdício.
A disciplina, criada em 2024, é dividida em duas etapas: uma voltada à operação dos drones e outra, ainda em implantação, dedicada à análise dos dados coletados pelos equipamentos. A atividade também reforçou a importância das parcerias entre instituições públicas para o avanço da inovação tecnológica no ensino e no campo.
A partir das aulas práticas, os alunos aprendem desde os cuidados e exigências legais para o uso de drones até a realização de voos autônomos, com foco em levantamentos altimétricos, fitotécnicos e na geração de mapas de alta resolução para aplicação prática no campo.
O delegado da Receita Federal de Maringá, Marcos Wanderley de Souza, destacou que os drones doados à UEM foram apreendidos por terem ingressado no país sem o pagamento dos tributos devidos, o que configura o crime de descaminho, previsto no artigo 334-A do Código Penal. “Nada melhor do que um produto que foi apreendido porque estava servindo ao crime vir para a universidade, para ajudar os estudantes a aprender e desenvolver essa técnica em benefício da sociedade”, afirmou.
Formado em Agronomia pela UEM, na turma de 1986, Souza ressaltou o impacto da universidade na formação de profissionais que atuam em diferentes regiões do Brasil e também no exterior. “Eles precisam dessa oportunidade para chegar ao mercado, ser competitivos, saber utilizar e entender o benefício dessa tecnologia para a sociedade, seja na produção de alimentos ou na geração de divisas para o Brasil”, completou.
Para o reitor Leandro Vanalli, colaborações estratégicas são fundamentais para dinamizar o ensino e a pesquisa, além de impulsionar o crescimento socioeconômico da região. Segundo ele, a Receita Federal é uma aliada de enorme importância e tem contribuído significativamente com a universidade por meio das doações realizadas. “Nós estimulamos e buscamos várias parcerias com entidades privadas, como empresas e organizações, nas áreas de pesquisa, inovação, extensão e ensino. São parcerias que visam à troca de conhecimentos, à geração de novos produtos e serviços, além de promover o desenvolvimento regional.”
O diretor do CCA, Carlos Alberto de Bastos Andrade, frisa que a inserção de novas tecnologias no ensino é essencial. “Sempre precisamos atualizar o projeto pedagógico. Com o tempo surgem novas ferramentas, como os drones, e temos que trazê-las rapidamente para a formação dos futuros engenheiros agrônomos. Agradecemos muito à Receita Federal e ao delegado Marcos por viabilizarem essa doação, que está sendo muito bem aproveitada”, afirmou.
Andrade também lembrou que, com recursos próprios, a aquisição de equipamentos desse tipo é mais demorada. “Com a parceria com a Receita, conseguimos acesso rápido e direto à tecnologia. Isso faz diferença nas aulas práticas”, disse. Além do curso de Agronomia da sede, drones também foram destinados a outros câmpus e cursos, como Agronomia de Umuarama, Engenharia Agrícola em Cidade Gaúcha, Medicina Veterinária e Zootecnia. “Mesmo onde não há uma disciplina específica, os drones são utilizados dentro de outras áreas, o que amplia a capacitação dos nossos alunos”, concluiu.
(Marilayde Costa/Comunicação UEM)