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Setembro Amarelo: especialistas alertam para prevenção e observação de sinais
Por Administrador
Publicado em 12/09/2025 15:22
Notícias de Maringá

O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) do Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) atendeu 2.564 casos de tentativas de suicídio por intoxicação em ambientes domésticos nos últimos dois anos. O número representa cerca de 30% dos atendimentos totais envolvendo intoxicações em residências, enquanto o restante dos casos é de acidentes domésticos. Os casos acendem um alerta, principalmente devido à entrada do mês de prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo).

De acordo com a coordenadora do CIATox do HU, enfermeira Márcia Guedes, os números constam no sistema de atendimento do setor (Datatox). Os resultados dos anos de 2023 e 2025 são parciais. Em 2023, entre setembro e dezembro, foram 1.266 atendimentos, com 421 tentativas de suicídio. Em 2024, ano em que a contagem se estendeu por todos os meses, foram registrados 3.825 atendimentos, entre os quais 1.234 tentativas de suicídio. Por fim, neste ano, foram 2.832 casos, com 909 tentativas registradas entre janeiro e agosto. Segundo a coordenadora do setor, a maioria dos casos de intoxicações, sejam acidentais ou intencionais, ocorrem nas residências.

Ao todo, o CIATox atendeu a 7.923 casos de intoxicação residencial, entre setembro de 2023, início da contagem, e agosto de 2025. No montante, estão não só casos de intoxicação envolvendo remédios, produtos de limpeza e outros agentes, mas também intoxicações por animais peçonhentos (escorpiões, cobras e lagartas).

O CIATox de Maringá é um dos quatro centros de informações toxicológicas do Paraná, junto dos centros de Londrina, Curitiba e Cascavel. O serviço atende pessoalmente e também por telefone.

Mês da prevenção

Em muitos casos, uma tentativa de suicídio corresponde a uma estratégia de enfrentamento para lidar com um sofrimento psíquico intenso, que pode ser multifacetado e envolver diversas questões, tanto financeiras quanto psicológicas e sociais. A psicóloga responsável pelo Serviço de Psicologia do Hospital Universitário, Emanuela Lucas Dias, avalia que esses casos demandam atenção multiprofissional, com atuação de psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, entre outros. 

Dentre os possíveis sinais de alerta, destaca, além do histórico prévio de tentativas de suicídio, as mudanças bruscas de comportamento e humor, falas de despedidas ou de perda da vontade de viver, expressão intensa de emoções e comportamento de risco ou autodestrutivo. Também é importante atentar-se, segundo a psicóloga, às situações de vivências recentes de perdas, violências ou crises psíquicas intensas.

Esses sinais, para Emanuela, merecem atenção e acompanhamento por parte das famílias e pessoas próximas. “Quem é próximo pode oferecer a companhia, escutar e não julgar ou minimizar o que a vítima sente. É importante ficar atento e incentivar a busca de ajuda profissional, tendo em mãos contatos de emergência, como o SAMU (192)”.

Muitos casos envolvendo intoxicação ocorrem com pacientes que já fazem uso de medicações controladas, prescrita por especialistas, o que aponta para o risco da facilitação do acesso aos medicamentos. "É comum a utilização dos mesmos medicamentos utilizados em tratamentos nas intoxicações. Às vezes, a utilização em altas doses ocorre na tentativa de amenizar o sofrimento psíquico pelo qual a vítima está passando", ponderou.

O Pronto Atendimento (PA) do HUM recebe pacientes que tentaram suicídio encaminhados de outros serviços de saúde ou mesmo por demanda espontânea, como explica a psicóloga referência do PA, Damaris Durski. “Durante o atendimento em PA das situações de ideações suicidas, em conjunto da equipe multiprofissional, a psicologia acompanha o caso e oferece suporte psicológico imediato tanto à pessoa atendida quanto aos familiares que as acompanham", explicou Damaris.

"Nossa maior preocupação após o acolhimento no hospital é garantir o cuidado após a alta. Nós orientamos, encaminhamos e referenciamos como estratégia para garantir o seguimento com demais serviços da rede pública", finalizou.

Centro de Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e de prevenção ao suicídio, atendendo voluntariamente, com sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24h, todos os dias da semana. As ligações para o CVV são gratuitas e podem ser feitas pelo número 188. Também é possível acessar o site do CVV

(Willian Fusaro/Comunicação Hospital Universitário)

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